"Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo:
Eli, Eli, lemá sabactâni, que quer dizer Deus meu, Deus meu,
por que me desamparaste?" (Mateus 27:46).

Em seu livro, A Última Noite do Mundo, C. S. Lewis apresenta
um dilema que nos deixa perplexos: "Abandona Deus apenas os
que o servem melhor? Quando Deus se tornou homem, Ele
recebeu menos conforto da parte de Deus que todos os outros,
e isto na hora de sua maior necessidade. Existe aqui um
mistério, que ainda que estivesse em meu poder, eu não teria
a coragem de desvendar."

Hoje, porém, enquanto examinamos a quarta palavra da cruz,
devemos ter a coragem de orar para que Deus nos dê o poder
de compreender o seu significado.

Esta palavra sugere a verdade poderosa de que Jesus
realmente sofreu. Sua morte não foi mera encenação. Jesus
morreu na cruz pelos pecados do mundo, como Filho do homem.
Guardemo-nos de jamais simplificar ao extremo o mistério da
Encarnação, rejeitando a divindade de Cristo ou sua
humanidade. Esta palavra da cruz acentua que, embora divino,
Jesus mergulhou nas profundezas do sofrimento humano. Como
nós, Ele conheceu um instante em que também clamou pedindo
segurança em meio à dor.

Naquele momento, Jesus repetia o Salmo 22. Ele revivia as
agonias do salmista e se identificava com a sua dor. Mas não
prosseguiu em direção ao término triunfal do Salmo? Temos
certeza que sim. As palavras subseqüentes da cruz indicam
tal fato.

Que importância tem tudo isso para nós hoje? Apenas o
seguinte: Jesus sabe o que passamos nas horas de desespero e
de solidão. Podemos ir a Ele em oração sabendo que Ele nos
compreenderá e nos tirará do vale, levando-nos para a
vitória.

Jesus Cristo passou pelo vale da morte para que pudesse
consolar-nos em nossas horas de necessidade mais profundas.